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Bolsas de EAD para mães de crianças com doenças raras
Projeto do Grupo Ser Educacional com a AMAR beneficiará 50 mulheres
Por Jael Soares
Em sete estados do país, mães de crianças com doenças raras vão receber bolsas para cursos de graduação e especialização via educação a distância (EAD). Os benefícios fazem parte do projeto Mães Produtivas, idealizado pela Aliança de Mães e Famílias Raras (AMAR) e pelo Grupo Ser Educacional - um dos maiores do país e o maior do Norte e Nordeste na área -, por meio do Instituto Ser Educacional.
O projeto foi criado para levar a qualificação profissional para essas mães, que não podem fazer aulas presenciais, pois são cuidadoras dos filhos. Várias instituições de ensino do grupo oferecerão oportunidades, 50 ao todo. A UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau atenderá às estudantes de Pernambuco. Unidades da Faculdade Maurício de Nassau receberão as mães em Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Já os campi Atibaia, Bragança, Guarulhos, Itaquaquecetuba e Dutra, da Universidade UNG, serão os polos no estado de São Paulo.
O primeiro lugar a desenvolver o projeto é Pernambuco, com 15 bolsas. Devido à alta incidência de casos de microcefalia no estado, cerca de metade das oportunidades foram destinadas a mães com tal patologia. Elas realizaram as matrículas; agora, já são estudantes.
Educação e profissionalização
O Instituto Ser Educacional identificou nessas mulheres uma grande dificuldade na continuidade ou mesmo no início de estudos. Por meio da parceria, veio elaborando o projeto desde o ano passado, graças às plataformas de EAD do Grupo Ser Educacional. "O Mães Produtivas será um dos mais belos e importantes projetos educacionais via EAD do país, pois possibilitará que mães com bebês com doenças raras, como a microcefalia, iniciem ou concluam os estudos sem que precisem se afastar dos filhos. Amor e educação andarão lado a lado", comenta Sérgio Murilo Junior, coodenador-executivo do Instituto.
A educação também deve mostrar um caminho para outro problema social: as mulheres sofrem o estigma da situação econômica e a autoestima baixas. “A maioria das mães raras é cuidadora 24 horas por dia. Mães muitas vezes são chefes de família e, em nosso país, cinco milhões de crianças não possuem o nome do pai em seu registro de identificação. Outra triste estatística aponta para o fato de que 70% das mulheres que recebem filhos com deficiência são abandonadas pelos maridos e tornam-se cuidadoras de alguém, em um processo exaustivo, cujo resultado muitas vezes se desdobra em doenças secundárias para a mãe, como depressão e síndrome do pânico”, relara Daniela Rorato, vice-presidente da AMAR.
Para Germana Soares, moradora de Ipojuca e mãe de Guilherme, bebê com microcefalia, o projeto é uma grande oportunidade. “Antes de sermos mães, somos mulheres, com sonhos, objetivos e a vontade de nos sentirmos realizadas profissionalmente. A vida nos leva a caminhos que não escolhemos e atrasa essa desejada realização. O Mães Produtivas me dá esse recomeço”.
Prática do Mães Produtivas
As mães de crianças com doenças raras dos estados participantes devem conhecer as graduações pelo site de EAD da UNINASSAU ou da Universidade UNG, a depender de onde morem. O primeiro link também é destinado a quem escolher uma unidade da Faculdade Maurício de Nassau. Há opções de cursos de bacharelado, licenciatura e tecnólogo.
Para mais informações, as mães precisam entrar em contato com a AMAR, pelo e-mail amareagir@gmail.com ou pelos telefones (81) 3132-0650 e (81) 9-8448-8710. Em Recife, também podem ir até esta organização não governamental, localizada no Centro Esportivo Santos Dumont, na Rua Almirante Nelson Fernandes, sem número, Bairro de Boa Viagem, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h.
Realizada a inscrição, elas deverão comparecer ao polo responsável para validar a matrícula e receber demais instruções. Assim, poderão cursar a graduação via internet, estudando de 8 a 12 horas por semana. Haverá, na sequência, outros encontros aos sábados, em intervalos definidos no Ambiente Virtual de Aprendizagem. O telefone do Grupo Ser Educacional é (81) 3413-4611.
Sobre a AMAR
Um dos principais focos da AMAR é cuidar de quem cuida, promovendo a autoestima e o empoderamento feminino para as mães de doentes raros. Além de prover assistência estrutural, com doações de fraldas, alimentos, leites e remédios para as crianças, a ONG oferece ainda atendimentos especializados para as mulheres, suporte jurídico, psicológico e encontra parceiros para ajudar a melhorar a qualidade de vida delas. “O projeto com o Grupo Ser Educacional é pioneiro no Brasil e ajudará essas mães a sonhar e a planejar o futuro”, afirma Daniela Rorato, da AMAR.